
Por Ingreson Derze
Um escândalo envolvendo o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), veio à tona nesta terça-feira (15), após reportagem da Folha de S.Paulo revelar que, além de empregar funcionárias fantasmas, o parlamentar também contratou cinco parentes diretos dessas mesmas funcionárias para seu gabinete em Brasília.
A reportagem expôs a rotina incompatível de três servidoras nomeadas por Motta, o que resultou na demissão de duas delas: a fisioterapeuta Gabriela Pagidis, que atendia em clínicas do Distrito Federal enquanto recebia mais de R$ 11 mil da Câmara, e Monique Magno, que acumulava cargo na Prefeitura de João Pessoa com o posto de assessora parlamentar – prática proibida pelo regimento do Legislativo.
No entanto, o caso vai além. A mãe, tia, irmã e primo de Gabriela Pagidis também foram nomeados por Motta em diferentes momentos. Em 2021 e 2022, quatro membros da família Pagidis trabalhavam simultaneamente no gabinete do deputado. Já Monique, além de estar em situação irregular, é filha de Márcia Agra de Souza, que também já foi funcionária de Motta e hoje ocupa cargo no gabinete de outro deputado, mesmo vivendo na Paraíba — prática vedada pelo regimento da Câmara.
Procurado pela Folha, Hugo Motta não quis comentar sobre as nomeações dos familiares, mantendo o silêncio mesmo diante da gravidade das acusações. Sobre os casos de funcionárias fantasmas, limitou-se a dizer que “preza pelo cumprimento das regras” e que alguns servidores atuam de forma remota, com dispensa de ponto eletrônico.
Enquanto isso, as demissões aconteceram após a reportagem começar a investigar os casos, reforçando o impacto da denúncia. Gabriela Pagidis, filha da ex-chefe de gabinete de Motta, chegou a ganhar R$ 11,5 mil por mês, além de auxílio, mesmo exercendo sua profissão de fisioterapeuta em horário comercial fora da Câmara.
Já Monique Magno, que também foi desligada, alegou à Folha que concilia as duas funções e ainda cuida de uma criança sozinha, mas sua folha de ponto da prefeitura mostra carga horária de 30h semanais, tornando inviável legalmente a acumulação dos cargos.
A polêmica se estende ao fato de que, ao longo dos anos, o gabinete de Hugo Motta se tornou quase um cartório familiar, onde parentes de aliados e servidores se revezam em nomeações questionáveis, sem transparência e com alto custo ao erário. Apenas neste ano, as três servidoras fantasmas já haviam recebido juntas mais de R$ 112 mil em salários, auxílios e gratificações.