Em 12,6% dos municípios paraibanos, ou seja, 28 cidades, há crianças e adolescentes sobreviventes desse tipo de violência.

Por Ingreson Derze

Neste 12 de junho, data em que se celebra o Dia Mundial e Nacional de Combate ao Trabalho Infantil, a realidade na Paraíba revela um cenário grave e preocupante. O Estado registrou um aumento de 213% no número de acidentes graves envolvendo crianças e adolescentes em atividades laborais, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, uma ferramenta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Somente em 2024, foram 69 casos de acidentes graves registrados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/MS). Em 2021, haviam sido 22 ocorrências. Isso representa uma média de cinco crianças gravemente acidentadas por mês na Paraíba em decorrência do trabalho infantil.

Além do risco físico, a dimensão da exploração sexual infantil também preocupa. Em 12,6% dos municípios paraibanos — ou seja, 28 cidades — há crianças e adolescentes sobreviventes desse tipo de violência, sob acompanhamento pelo Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) nos CREAS, conforme dados do Observatório da Prevenção e da Erradicação do Trabalho Infantil (2022).

“Diariamente, crianças são exploradas sexualmente em troca de comida, o que perpetua o ciclo da pobreza, da violência e da exclusão social”, afirma o MPT em nota.

Campanha 2025: cultura como resistência

Neste ano, a campanha #Chega de Trabalho Infantil chega à sua 10ª edição, organizada pelo MPT em parceria com o Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Fepeti-PB) e apoio de mais de 10 prefeituras paraibanas.

A campanha de 2025 aposta na cultura nordestina e na poesia popular para conscientizar a sociedade. Com o cordel “#Chega de Trabalho Infantil”, da poetisa paraibana Anne Karolynne, a iniciativa busca alertar o público durante o ciclo junino. O material será exibido em telões do Parque do Povo, da Vila Sítio São João, em Campina Grande, e também no São João de Patos e em outras festas pelo Estado.

A edição deste ano traz uma inovação inclusiva: a distribuição do cordel em braille, garantindo o acesso à mensagem para pessoas com deficiência visual e turistas.