
Por Ingreson Derze
Uma megaoperação realizada por diversos órgãos, incluindo o Ministério do Trabalho e a Polícia Federal, resgatou 112 trabalhadores em condições análogas à escravidão em obras da construção civil em João Pessoa e Cabedelo, na Paraíba. O número eleva para 225 os trabalhadores resgatados só em 2025 — um aumento de 324% em relação a todo o ano de 2024.
Eles vinham de pelo menos 28 municípios, principalmente do interior paraibano, mas também de PE, RN e RJ. Entre as condições relatadas: falta de comida, colchões no chão, calor extremo e ausência de banheiro nos alojamentos. Os operários erguiam prédios de alto padrão, enquanto mal conseguiam se alimentar.
A operação fiscalizou 18 obras de oito empresas. Apenas cinco assinaram acordo com o Ministério Público do Trabalho. As demais podem enfrentar ações na Justiça. Já foram pagos mais de R$ 700 mil em verbas rescisórias e o valor deve aumentar.
“Os trabalhadores não eram presos fisicamente, mas estavam submetidos a condições degradantes que ferem a dignidade humana”, afirmou a procuradora do trabalho Laura Valença.
Os relatos colhidos revelam histórias de vida marcadas por baixa escolaridade, fome, sobrecarga física e ilusão de progresso. Um dos trabalhadores, de 25 anos, vai operar uma hérnia causada pelo esforço. Outro, de 63 anos, mal sabia ler e escrevia apenas o próprio nome.
As empresas foram notificadas e serão multadas. O Ministério Público Federal investiga os responsáveis criminalmente.