
Por Ingreson Derze
Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), manteve em seu gabinete três funcionárias com rotinas incompatíveis com as funções que deveriam exercer no Legislativo federal. A reportagem foi produzida pela Folha de S. Paulo. Entre elas estão uma fisioterapeuta, uma estudante de medicina e uma assistente social da prefeitura de João Pessoa, todas com contrato ativo como secretárias parlamentares com jornada de 40 horas semanais, o que é incompatível com outras ocupações públicas ou privadas.
As três receberam, só neste ano, R$ 112 mil em salários, auxílios e gratificações. Após denúncia da reportagem, Motta determinou a demissão de duas das três servidoras, mas não forneceu detalhes sobre as funções que elas realmente exerciam nem apresentou os registros de ponto.
Uma das funcionárias, Gabriela Pagidis, é fisioterapeuta e atende em duas clínicas particulares no Distrito Federal. A reportagem acompanhou a rotina dela e confirmou, inclusive com dados do Ministério da Saúde, que trabalha de segunda a quinta como fisioterapeuta. Nas redes sociais, ela aparece uniformizada, dentro de clínica, em horário de expediente. Ela é filha da ex-chefe de gabinete de Motta.
A segunda, Louise Lacerda, é estudante de medicina em tempo integral em João Pessoa. Ela é filha de um ex-vereador aliado do deputado e ingressou no gabinete em 2018. Também cursou extensão em outra faculdade e, segundo a Folha, não esclareceu como conciliava os estudos com o cargo em Brasília.
Já a terceira, Monique Magno, é servidora pública na Prefeitura de João Pessoa, com carga horária de 30 horas semanais. Mesmo com proibição da Câmara para acúmulo de funções públicas, ela ocupava cargo no gabinete do deputado. Em um processo judicial de 2021, não declarou o vínculo com a Câmara ao pedir gratuidade judicial.
A reportagem também identificou que Motta mantém empregada em seu gabinete a ex-sogra de seu pai, Maria do Carmo Brito, que alegou em ação judicial ser apenas aposentada e negou ter vínculo empregatício. Políticos locais se disseram surpresos ao saber que ela recebe salário da Câmara.
A assessoria de Hugo Motta se recusou a fornecer registros de ponto e não respondeu sobre as funções efetivas das funcionárias. O deputado está na Câmara desde 2011 e, segundo a reportagem, emprega algumas das envolvidas desde 2017.